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LOGS INTERESSANTES COM QUALIDADE


prodrive

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;)May 1 by lynx pardinus found Heart of Darkness [Gerês]

Há muitos, muitos anos, no início de uma noite escura, à beira de uma grande fogueira no adro da igreja, os habitantes da pequena aldeia reuniram-se, sentados num grande círculo, e falaram. Falaram muito entre eles, muitas horas, muitas opiniões diferentes, muitos juízos, mas sempre sobre o mesmo tema. Até que, há medida que as horas fluiam e a noite se aclarava revelando a premonição do dia crescente, as muitas vozes juntaram-se progressivamente numa, as opiniões passaram a singular, a decisão estava tomada.

 

Na noite seguinte, cada um dos habitantes da aldeia se reuniu no mesmo local, em silêncio, e, um a um, dizendo para si mesmo palavras antigas, levaram a mão ao peito, arrancaram o Mal que lá havia, a escuridão que nele habitava. Depositaram-no todos eles numa grande ânfora, gigantesca, que tinham propositadamente ali colocado no dia anterior. E apontaram para o homem mais forte e destemido da aldeia, para o mais sábio, o mais conhecedor do que se passava para lá das montanhas que bordejavam a aldeia, que conhecia as montanhas mais altas que ficavam ainda para lá dessas. O homem, sabendo o que o esperava desde a noite anterior, em silêncio, agarrou na grande ânfora ao ombro, segurou o seu bordão, e seguiu caminho em direcção a essas grandes montanhas invisíveis, que só ele conhecia. A aldeia olhou em peso para ele, sem um murmúrio ou som, sabendo que, todo o Mal que neles tinha vivido ia agora ali, naquela vasilha, aos ombros daquele homem corajoso.

 

E o homem andou, andou durante dias, cada um deles sentindo, cada hora que nele estava contida percebendo, que o Mal que na aldeia habitava e que ele carregava cada vez mais se tornava mais pesado. O que de início parecia ar, vazio, era agora cada vez mais pedra, rocha, dureza granítica, dificuldade. Mas, o homem, consciente da magnitude do que lhe tinha sido pedido, continuou. Cerrou os punhos e os olhos, respirando bem fundo e prosseguiu, prosseguiu carregando o Mal, subindo penedias, descendo vales, cruzando rios. E, quando chegou a um pico suficientemente alto e distante, finalmente parou a sua caminhada de semanas. Pousou finalmente a sua carga, descendo-a dos ombros e, finalmente, observando-a. E o que viu deixou-o sem palavras pois, da ânfora, não se vislumbrava sinal, e aquilo que agarrava mais não era do que um penedo gigantesco, de rocha dura e escura como o Mal que sabia conter. E fitou-a nos olhos, aquela rocha negra, por um segundo, abandonando-a em seguida, deixando-a ali ao mesmo tempo que seguia de volta para a aldeia, leve nos ombros, mas com a alma pesada, porque sentia que ali deixava também algo de seu e das gentes a quem queria.

 

Passados 5 dias, chegou à aldeia, transpôs a pequena ponte sobre o riacho seguido de relva verde e fofa, a primeira casa e parou de manso no pequeno largo da igreja, abraçando o dia solarengo e sorvendo o ar fresco da manhã. E, nesse instante, olhando para as pessoas à sua volta, que ele amava e por quem tinha levado o Mal para as montanhas, percebeu. Nada se tinha alterado nos últimos dias. Os pobres continuavam pobres, a menina triste continuava triste, o cão abandonado e esfomeado não tinha encontrado uma alma boa que o alimentasse e desse o cuidado que merecia. O Mal que ele tinha levado para a montanha sob a forma de uma rocha escura não era mais do que uma ilusão - a verdadeira capacidade de fazer o Bem estava em cada um de nós. Não era preciso uma reza antiga, não era preciso erradicar o Mal, negá-lo, procurar abandoná-lo numa montanha distante. Bastava apenas um desafio muito maior, pensar em pequenos gestos, pequenas coisas simples que deixavam os outros mais felizes, pequenos desvios despreocupados que não lhe faziam diferença mas que tinham valor para os outros. Partilhar a janta com o mendigo da aldeia em troca de pequenos trabalhos, contar uma história todos os dias à menina triste, deixar um pouco de comida sempre de lado e uma festa para um cão esfomeado.

 

E, todos os anos, como que para renovar os seus votos, o homem agarrava no seu cajado e, andando dias por montes e vales, procurava o Mal que tinha deixado na montanha. E passava uma noite a conversar uma conversa de um só sentido com aquele penedo gigantesco e negro, contando-lhe as histórias do Bem que fizera nesse ano. E, por vezes, parecia-lhe que o Mal lhe sorria condescendente, aprovadoramente, como que lhe dissendo que fizera bem, dando-lhe conselhos, guiando-o pela forma de tornar mais alegre o seu dia, mais feliz as horas dos que o rodeavam. O Mal, ensinando-o a fazer o Bem.

 

OBRIGADO BASTANTE, LYNX

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Eu estou farto de dizer....

O homem é um espectáculo... escreve que nem um artista.

Já uma vez escrevi algures que se mandasse alguma coisa no país este homem não fazia mais nada sem ser, ir às caches e escrever sobre elas.

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Chamou-me a atenção este aqui pela naturalidade das fotos. Gostei principalmente das peúgas da miúda ao telefone! :o

Acho estas fotos muito honestas para com Lisboa, muito verdadeiras... Parabéns. :)

LOL, obrigado ;)

Por acaso deu-me um imenso prazer logar essa cache e fazer as fotos. Não sendo grande adepto da fotografia, é um gostinho que tenho vindo a granjear, obviamente inspirado por alguns Geocachers fotógrafos que me servem de referência. Essas são mesmo à PlayMobil style :laughing: .

Uma das vertentes que me tem cativado mais é a de fotografar pessoas no seu quotidiano, mas confesso que me sinto bastante intimidado em apontar a objectiva directamente à fronha de alguém que não conheço.

Nesse dia vesti o meu manto de invisibilidade e desatei a "disparar" na cara das pessoas com toda a naturalidade. Curiosamente todos reagiram como se eu não estivesse lá, o que me leva a acreditar que o manto funciona mesmo :) .

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Sem dúvida um belo retrato do início dos anos 80 no Gingão, imortalizado pelos Peste & Sida:

 

Peste & Sida - Gingão

 

Gingão, Gingão,

És a puta da confusão

Gingão, Gingão,

És a puta da confusão

 

Eu entro e tento

Chegar ao balcão

Levo mais de 10 minutos

A furar p'la multidão

 

Depois que tenho um copo

Não quero entrar em despesas

Seguro com as duas mãos

E dirijo-me para as mesas

 

Mas quando lá chego

Já não há lugar sentado

Espero que alguém vá jogar

Para a casa aqui do lado

 

Lá os flipers e os matrecos

Comem niqueis de seguida

No Gingão curte-se mais

Só gastamos em bebida

 

Gingão, Gingão,

És a puta da confusão

Gingão, Gingão,

És a puta da confusão

 

Sr.Anibal, traga-me mais um copo

Eu ainda não estou bem

Eu bebo mais um copo

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Isto qualquer dia é uma parede só de logs destes gajos, mas o que é que podemos fazer?

 

No antigo Bairro Alto. Só faltava mencionar o antigo Jukebox e a maluqueira que aquilo era...

 

Grande log. Massivo. Grandioso. Porque "conheço" um bocadinho desse bairro alto. Porque de certa forma me sinto incomodado com os puristas que dizem que o bairro alto é um antro de droga e prostituição e má vida e violência. Get a life :)

 

Tenho que prestar mais atenção aos logs dos playmobis e menos atenção ao resto das discussões pueris sobre que tem a pila maior e quem chegou primeiro e quem chegou mais longe.

 

Quando me perguntarem porque é que gosto do geocaching, tá aqui mais um motivo.

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Gostei da honestidade deste log e da vibração de correr para um FTF. Quem nunca sentiu esta emoção não sabe o que perde.

 

Pois... e não é por acaso.

 

Nunca me pareceu que fazer um FTF fosse muito importante, o que eu aprecio realmente no GC é a possibilidade de sair de casa e conhecer (ou pelo menos ver com outros olhos) sítios que não conhecia e para isso as coisas têm de se fazer com um mínimo de calma. No entanto a semana passada tinha estado a explorar o GSAK para construir o meu profile e verifiquei que faltava lá um FTF para activar algumas entradas... Assim ontem com a oportunidade real de fazer um FTF não resisti e realmente a adrenalina sabe bem :antenna:. Concordo completamente com o que já tenho visto escrito pelo Prodrive e acho que uma componente importante do jogo são os comentários colocados e as emoções que revelam. Procuro assim não ser muito minimalista nos meus (embora a média de 78 caracteres não seja grande coisa...).

 

Ainda não tinha explorado muito os forums, embora já tivesse passado por este. Fui agora avisado pelo Kelux sobre este simpático post. Irei passar a participar activamente.

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